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sábado, 3 de janeiro de 2015

"Misticismo e Fanatismo no Conto Brasileiro" - Edição Especial 2015












Isabel Cristina Silva Vargas 

Pelotas / RS






Sete vidas

O ambiente era fúnebre. Ao centro da sala o ataúde com a falecida coberta por um véu roxo. Na cabeceira o crucifixo. Quatro velas dispostas de maneira tradicional. Ao redor os parentes. Seu aspecto era de apatia. Ninguém chorava. Ninguém falava. Todos de cabeça baixa, olhar fixo no chão. Só uma pessoa rezava baixinho.

Quem chegasse pensaria ser um cenário montado. Não havia emoção. As pessoas eram como personagens em um cenário montado para se desenrolar uma cena.

Era como se não tivessem consciência do que ocorria ali.

Para tirá-los daquele torpor em que se encontravam, parece que alguém fez soprar uma rajada de vento naquele cenário apático. A seguir entra alguém totalmente desconhecido dos demais presentes. Uma mulher de negro. Alta. Entrou devagar sem se importar com os presentes.

Devagar, aproximou-se da urna funerária, olhou com os olhos profundos, emitiu um som que não foi possível decifrar se era um gemido, um miado, rodou bruscamente e deu um salto para a rua como um felino a saltar um obstáculo.

Então, aconteceu o inesperado, ou, o esperado considerando-se a situação.

Foi como se só naquele momento as pessoas percebessem que a última vida daquele ente tinha se esvaído para sempre. Todos romperam em pranto conscientes que a morte havia levado alguém.







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