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sábado, 21 de abril de 2012

Antologias-Abril- Portal CEN-Portugal


Antologia Virtual
VI
Abril 2012
ORGANIZADORA:
Maria Beatriz Silva (Flor de Esperança)
Página 5
 


31 - ISABEL CRISTINA SILVA VARGAS
Isabel C.S.Vargas, professora, advogada, aposentada no serviço público, jornalista. Especialista em Linguagem e Tecnologias, com cerca de trezentas publicações no Diário da Manhã- Pelotas RS e no seu site:www.isabelcsvargas.com. Membro da AVSPE- BC-SC, da Associação Poetas Del Mundo (Chile), Clube Brasileiro da Língua Portuguesa-BH-MG, Portal do Poeta Brasileiro, Confrades da Poesia, Portugal, da União Hispanoamericana de Escritores. Portal CEN-Portugal. Participa da CBJE, além de mais uma centena de publicações em livros. Recebeu diversas premiações, entre elas 1º lugar em conto e crônica, menções honrosas, destaques em crônica, contos e poesia. Prefaciou obras para a Editora Celeiro de Escritores, além de revisão literária. Publicações na R. Eletrônica Lápis e Luz, no Varal do Brasil (Suíça).
Link com meus trabalhos:
http://www.avspe.eti.br/poetas2008/IsabelCristinaSilvaVargas.htm
http://www.varaldobrasil.ch/156521/128701.html

http://www.caestamosnos.org/autores/autores_i/Isabel_C_S_Vargas.htm
http://isabelcsvargas.blogspot.com.br/2009/12/realizacoes-literarias-participacao-nas.html
REMINISCÊNCIAS           
Ao passar por uma padaria senti o cheiro do pão ao sair mais uma fornada. De imediato fui remetida aos tempos de minha infância. Adoro este aroma.Coisa curiosa, pois pode parecer que tive uma infância maravilhosa e, no entanto, ela foi cheia de dificuldades, de carências materiais.
Outra responsável por lembranças é a chuva, ou melhor, o odor que a terra exala em contato com a água da chuva. Não sei explicar com exatidão quando isso ocorre, mas creio que é em época de calor e de seca.
Sempre morei em casa. Talvez por isso, pelo contato mais direto com o solo essa ligação seja explicada.
Ao lembrar esta época, recordo de uma casa de madeira ao fundo de um grande terreno. Grama verde, borboletas e cigarras voando na primavera e no verão. Vejo-me cuidando de minha irmã menor e, no inverno que embranquecia o pasto, ouço meus intermináveis acessos de tosse. Volta uma grande sensação de impotência. (Ou quem sabe ela sempre esteve aqui escondida).
Reporto-me ao nascimento de meu irmão, em épocas mais distantes ainda, da minha felicidade ao exibi-lo às visitas como se fosse meu bebê e das minhas angústias quando ele adoeceu e quase se hospitalizou.
O gatilho de minha infância é detonado quando ouço alguma música esquecida no tempo. Lili (acho que é esse o nome) é uma delas.
Associo ao passado, as balas de goma, aquelas ainda sem formas diversas como agora, peito de frango desfiado, balas de guaco, xarope caseiro feitos por minha avó, cuja folha era colhida direto do pé que se espalhava por cima da parede do tanque. Ainda, o doce de figo, cujo pé era possível enxergar da janela de seu quarto.
Na Páscoa, ovos de açúcar, bem mais acessíveis que os de chocolate; ninhos feitos em cestos de vime ou caixas cuidadosamente decoradas com franjas de papel de seda. Uma grande expectativa se instalava, um grande prazer fazê-los.
Em um breve insight percebo que isso talvez explique a luta constante contra o excesso de peso.
Volto à realidade e percebo o que poderíamos considerar à época como algo desagradável, o tempo torna doce, carregado de nostalgia, porque junto destas lembranças estão pessoas que nos foram caras. Apesar do tempo decorrido, permanecem indeléveis em nossa vida pelos ensinamentos, pelas vivências e pelo amor que nos uniu.

Isabel C S Vargas



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